15 outubro 2010

abismo rasurado

No meu leito presencial
aconchego-me à deriva
nada em mim é normal
estranhamente, temo que sobreviva

Perdido fico, apático
segrego as preces que vomito
amargos os pensamentos que repito.
Que cabeça de fuga de assento
é deveras um sentimento asmático
incentiva a loucura que tento

Na origem o nada
no presente o tudo
que reviravolta desejada
que pressentimento mudo
corrompeu a minha privacidade
desfigurou a suposta liberdade

Rastilhos de traição
prestes a queimar o interior
limpam o meu esplendor
sussurrando a imperfeição
há quem se prenda com o amor
outrem, nem com a razão

Não estou eloquente
tem lugar um vazio trágico
da sociedade foi um contágio
é uma lua em que estou demente.

                                                                               Fábio C. P.

Sem comentários:

Enviar um comentário